terça-feira, 17 de agosto de 2010

Eu dependo de alguém...e você?

Num momento de reflexão comigo mesmo, comecei a pensar no quanto dependemos de alguém em qualquer fase da vida. Quantas pessoas que nem conhecemos possuem papel fundamental no rumo que possa ter nossa humilde passagem por esse planeta. Engraçado que passei a observar isso um dia desses, num taxi que me trouxe do trabalho para casa. Enquanto destilava uma pequena ira contra o trânsito de Brasília, para parar de olhar o movimento externo, passei a observar o interior do veículo. Uma pequena boneca, vestida com roupas típicas não sei de onde, tremulava com o andar do carro em cima do painel. Badulaques de “boa sorte” se agarravam ao retrovisor. O bom e velho câmbio (também conhecido como marcha) ostentava uma bola com um siri dentro, o qual parecia me observar. Chocado com todos os apetrechos, de gosto questionável, passei a observar o taxista. Obviamente que de maneira discreta, busquei desvendar aquele homem, baseando-me no que me era visível a olho nu. Aparentando ter entre seus 40 e 50 anos, com cara de ser originário de qualquer região deste país, como todo bom brasileiro, ele dirigia quieto. Passei a meditar: "Será que ele sabe dirigir?”. “Será que ele está feliz?”. “E se ele resolveu dar fim a sua existência  justo hoje?”. Passei a considerá-lo a pessoa mais importante da minha vida naquele momento.

Tenho por conclusão que minha vida sempre esteve na mão de alguém. Guardo uma foto em preto e branco, do meu nascimento. Nela, além de mim obviamente, está um senhor com cara de poucos amigos. Era o médico que me retirara do sossego placentário para o mundo real. Descobri, depois de algum tempo que, ao deparar comigo, empurrou-me novamente para dentro de minha mãe, pelo fato de ter nascido desprovido de beleza, fato que me acompanha até hoje. “Não deve estar pronto ainda, volta pra lá”, disse ele ao ver aquele pequeno ser. Imagina se ele se revolta comigo naquele tempo? Não tinha a menor defesa.

Quantos vôos já peguei e nem sei quem eram os pilotos? Mal conheci a tripulação. De vez em quando via o comandante sair da cabine e se dirigir ao fim da aeronave para visitar o banheiro. Se já fico desesperado com ele no comando, imagina sem ele? Quem ficou lá? Isso é hora de aliviar a bexiga? Porque não foi antes? (Isso meu pai sempre dizia quando eu pleiteava uma parada estratégica na estrada, num passeio qualquer de família, porque queria visitar o WC). O mesmo pensamento passou pela minha cabeça (como se houvesse outro lugar por onde eles pudessem passar) com garçons, que porventura quisessem colocar algo diferente em minha comida. Pensei nos motoristas de ônibus, colegas de trabalho, enfim, em todos com quem tenho que passar alguns momentos do meu dia.

Neste momento, acaba de passar o primeiro programa do horário eleitoral gratuito. Quantos desligaram a TV por achar isso uma grande bobagem? Mesmo que alguns candidatos não digam nada, penso que vale a pena prestar um pouco de atenção, em virtude da magnitude da decisão que é um voto. Será que as pessoas estão buscando se decidir depois de avaliar as diversas propostas, ou as escolhas serão determinadas por impulso? Pronto, nos próximos dias estarei na mão de todo o povo brasileiro! Na mão daqueles que são tachados de inconvenientes por quererem discutir política, bem como na mão dos que dizem com orgulho e peito estufado de que “Política não se discute”. Dependo dos que empunham bandeiras partidárias e também dos que se vangloriam por nunca ter optado por alguém, sempre anulando seu voto. Daqueles que acompanham debates e daqueles que pegam um “santinho” na porta do local de votação.

Somente uma coisa me acalma. Essa dependência não é somente minha. E você? Já pensou em alguém de quem você dependa? Pois é....

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Eleições: período para novas amizades.

Períodos eleitorais me encantam. Não há momento melhor para avaliarmos o quanto a democracia avançou e o quanto ela tem para avançar. Um dos indicadores que utilizo é a quantidade de candidatos aos cargos eletivos, oriundos das mais variadas origens. Isso me parece ser consequência direta do período democrático em que vivemos e que me faz pensar que, de fato “TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI”. Porém, quando vejo a parcialidade da grande mídia e os custos de algumas campanhas, percebo que “UNS SÃO MAIS IGUAIS DO QUE OUTROS”.

Nascido no século passado, andei buscando a história registrada em minha mente e recordei-me de minha primeira participação em uma eleição. Na década de 80, ainda criança, em Niterói, simpatizei-me com um candidato (o qual ocultarei para não decepcioná-lo de minha escolha...falo do candidato). Lá ia eu ao seu comitê, munir-me de panfletos. Saía pelas ruas, sorridente, portando aquele papel enorme, impresso em preto e branco. Minha distribuição não era frutífera, pois voltava com quase tudo para casa, mas sentia-me útil. Bom, ele perdeu a eleição. Não por minha causa, mas por conta de cerca de 82% dos eleitores que não simpatizavam muito com ele, por algum motivo que não me recordo. Nem meus pais eu consegui convencer. E essa foi a primeira vez que chorei por uma eleição.

Em 1989 pude votar pela primeira vez e comecei bem, pois poderia escolher o presidente da Nação, direito conquistado depois de algum tempo. A partir daí, muitos outros choros se sucederam, pois meu candidato não era eleito. Cheguei a pensar que o problema era eu. Quase me convenci de que minha escolha jogava tanta “urucuba” sobre o candidato, quanto praga de ex-sogra.

Neste momento, nos aproximamos de mais uma eleição geral. Será minha 5ª oportunidade de escolher pessoas para ocuparem os cargos de Presidente, Senador, Governador, Deputado Federal e Deputado Estadual. Estou orgulhoso de mim, pois a vida tem mostrado que não dou tanto azar assim. Tanto é que meu twitter passou a ser seguido por alguns candidatos, com fotos sorridentes e números diversos, que eu não tenho a menor idéia de quem sejam. Alguns candidatos eu conheço, são amigos(as), mas outros, são grandes incógnitas. Como gosto de fazer novas amizades, resolvi conhecê-los melhor. Sempre achei que três palavras abrem todas as portas do mundo: PUXE, EMPURRE e AMIGO. Entre tantos pedidos, alguns me chamara a atenção. Um deles me despertou interesse, pois seu nome era “Manoel da padaria”. Apesar da relação óbvia do nome do pleiteante com o setor comercial citado, rodei por todas as panificadoras existentes num raio de 1 Km de minha residência. Encontrei vários homônimos, mas nenhum deles era meu novo parceiro tecnológico. Não desisti da busca, mas passei a procurar um “Zeca da farmácia” que queria fazer parte do elenco de conhecidos que me acompanham no Orkut. Sua foto apresentava um senhor com cabelos grisalhos, jaleco e caneta na orelha. Nada me vinha a mente ao olhar sua face. Nem os pêlos que lhe fugiam das orelhas e nariz, que seriam marcantes enquanto características pessoais, conseguiram me fazer descobrir quem era. Pior foi tentar conhecer a “Rosa manicure” que me pedia para adicioná-la no facebook. Nos meus 39 anos de vida, recém completados e comemorado com poucas pessoas, nunca visitei tal profissional. Infelizmente sou um irremediado roedor de unhas, o que me deixa com uma enorme vergonha de visitar alguém que possa vir a brigar comigo pelo meu vício. Talvez pudesse ser alguém que mudou de profissão, quem sabe uma colega de escola. Olhei fixamente para sua foto...e nada! Meu Deus, o que o tempo fez com minha memória?

Não restam dúvidas de que devido a quantidade de cargos, devem existir inúmeros candidatos. Não desisti de minhas buscas e estou determinado a conhecer todos. Talvez precise otimizar meu tempo, pois o dia 3 de outubro está chegando. Estou reservando algumas horas do dia, após o trabalho, bem como fins de semana, para conhecer meus novos amigos. Se quiser me acompanhar, será bem vindo(a).  Não sei se votarei neles, nem se serão eleitos. Mas na minha próxima festa de aniversário, vou reservar mais mesas e comprar um bolo de aniversário maior, pois vai "bombar" de tanta gente.

Antes de ir....preciso perguntar: Quer ser meu amigo? Tudo bem se não for candidato a nada!