terça-feira, 30 de novembro de 2010

Talentos farmacêuticos...

Farmacêuticas e Farmacêuticos costumam ser profissionais talentosos. Dos muitos que conheço, muitos são artistas, poetas, músicos. Recebi de uma amiga, a pedido meu, o texto abaixo:



MULTIPROFISSIONAL

Tuas mãos manipuladoras criam medicamentos como arte.
Tua inteligência e sagacidade comandam empreendimentos industriais.
Estás atento aos mínimos detalhes, para garantia a exatidão de tuas análises.
Tua paixão está na academia, onde vê em teus alunos o futuro de tua profissão.
Teu carisma e tolerância fazem a diferença no contato com as pessoas.
Tua ousadia se faz presente nas atividades de gestão, pois no âmbito em que atuas é preciso ser ousado.
Tuas descobertas são a garantia de avanço tecnológico.

E espero eu que, quando necessitar de informações acerca dos medicamentos, eu receba tua orientação e atenção... FARMACÊUTICO.


Brunna Raphaelly Amaral da Silva


Tem algo pra divulgar? Mande também!

Imagem extraída de:
http://taiscristinaunfer.blogspot.com/2009/01/dia-do-farmactico.html

sábado, 27 de novembro de 2010

Um livro para farmacêuticos e estudantes

Abro o espaço para o grande amigo José Franco de Matos. Farmacêutico, dos bons, acaba de lançar o livro "Medicamentos Controlados, Pertinências e Recados". Tive a  honra de ser convidado a escrever o prefácio.
Minha história de vida profissional se confude com a deste importante quadro da profissão farmacêutica, já que foi um dos culpados pela minha entrada no movimento farmacêutico, através da Associação dos Farmacêuticos da Baixada Santista.
Orgulho de conhecê-lo, de ter me alimentado com seus conhecimentos, de desfrutar de uma grande amizade e ter escrito o prefácio deste importante instrumento de estudo para farmacêuticos e estudantes de farmácia.
Abaixo, o que diz o autor, exclusivamente para este blog, sobre sua obra!

"Vi farmacêuticos honrados, outros desalmados; vi farmacêuticos atrás de balcões, outros atrás de tostões; vi farmacêuticos imaginativos, criativos, elucidativos, outros calados, inertes, amorfos; vi farmacêuticos com soluções precisas, outros absortos; vi farmacêuticos tecerem maravilhosos textos didáticos, vi-me a salpicar de aforismos o Medicamentos Controlados, Pertinências e Recados; procurei proporcionar a interação da tríade paciente, medicamento e profissional de cuidados da saúde; do paciente - suas mazelas e o que elas pretendem dizer - do fármaco - suas características e o que ele pretende fazer - do farmacêutico - o agente de saúde, a reflexão. O medicamento está ali à sua frente, acabou de saltar da prateleira, tomou apoio no balcão e mais um impulso cairá nas mãos do paciente; um breve intervalo, mas o suficiente para o profissional refletir e exprimir condutas e palavras a quem foi procura-lo para saciar suas dores."

José Franco de Matos.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Carta ao STF para Julgamento das Patentes Pipeline

Abro mais uma vez esse democrático espaço para divulgar texto assinado pela Renata Reis - Grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual - GTPI/REBRIP (http://www.abiaids.org.br/) e Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS - ABIA (http://www.abiaids.org.br/ ) . Diz ela em seu email:

"Uma vez mais nos aproximamos do dia 1° de Dezembro, o dia escolhido para simbolizar a Luta contra a AIDS. Escolhemos esse dia tão importante para fazer chegar às mãos dos Ministros do STF uma petição que conte com sua assinatura e/ou de sua organização. O que se pede nessa carta é de suma importância para a saúde pública do Brasil e dos países em desenvolvimento: que o STF julgue a Ação Direta de Inconstitucionalidade 4234, declarando as patentes pipeline inconstitucionais. Essas patentes tiraram do domínio público centenas de medicamentos essenciais para doenças como AIDS, Esquizofrenia, Câncer, entre muitas outras. Por causa dessas patentes ilegítimas a população não tem acesso a versões genéricas desses medicamentos.
Envolva-se nessa campanha, assine, repasse esta petição para sua rede de contatos! Precisamos aumentar a pressão sobre o STF para que as patentes pipeline sejam declaradas inconstitucionais o mais rápido possível!"

A petição é a seguinte:


Às Excelentíssimas Ministras e Excelentíssimos Ministros do Supremo Tribunal Federal:

As organizações nacionais e internacionais, especialistas e indivíduos abaixo assinados vêm a este tribunal pedir celeridade no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 4234 – sobre patentes pipeline – pelos motivos abaixo expostos:

No dia 28 de novembro de 2007, a Federação Nacional dos Farmacêuticos, em nome do Grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual da Rede Brasileira pela Integração dos Povos (GTPI/REBRIP), entrou com uma representação na Procuradoria Geral da República, apontando para a inconstitucionalidade dos artigos 230 e 231 da Lei 9.279/1996 (conhecida como Lei de Propriedade Industrial - LPI), que instituíram no Brasil o mecanismo de revalidação de patentes conhecido como pipeline. No dia 24 de abril de 2009, o Procurador Geral apresentou a Ação Direta de Inconstitucionalidade 4234, questionando a constitucionalidade desses artigos. No dia 1° de Dezembro de 2010, dia Mundial da Luta Contra a AIDS, terão se passado 585 dias desde a propositura da ação no Supremo Tribunal Federal (STF), sem que a ação tenha sido julgada.

O pipeline é um dispositivo por meio do qual foram aceitos pedidos de patentes em campos tecnológicos não protegidos até então no Brasil (medicamentos, alimentos e químicos), pelo qual uma patente já concedida no exterior era revalidada nacionalmente sem passar por análise de mérito do escritório de patentes nacional. Ao todo foram realizados 1.182 pedidos de patentes pipeline, incluindo centenas de medicamentos muito importantes para saúde pública, tocando áreas sensíveis como AIDS, câncer, saúde mental, entre outros. O preço dos medicamentos tem relação com patentes na medida em que estas permitem que os laboratórios explorem seus produtos de forma exclusiva, gerando monopólios e afastando a concorrência. Há uma drástica redução no preço dos medicamentos tão logo as patentes expiram, devido à concorrência de produtos genéricos no mercado.

O GTPI identificou alguns casos emblemáticos de medicamentos protegidos por patente pipeline. Dentre todos os absurdos, chama atenção o caso do medicamento Glivec®, utilizado para tratamento da leucemia mielóide crônica (um tipo de câncer). Em 2008, o Brasil pagava pelo medicamento USD 29.612 por paciente/ano, enquanto havia no mercado internacional versões genéricas por USD 1.642, quase 20 vezes mais barato. Outro caso ainda pior é o do medicamento Olanzapina, para esquizofrenia: enquanto o Brasil pagava perto de R$ 1.800 por mês para cada paciente, empresas genéricas indianas o comercializavam no mercado internacional por valores em torno de R$ 30 reais, 60 vezes mais barato.

*O CASO DOS MEDICAMENTOS PARA HIV/AIDS*

Vários medicamentos para o tratamento do HIV/AIDS foram protegidos por meio do mecanismo pipeline.
Um estudo dimensiona o prejuízo hipotético causado pelas patentes pipeline no Brasil, especificamente nas compras de cinco antiretrovirais (ARVs) (Abacavir, Amprenavir, Efavirenz, Lopinavir/r e Nelfinavir) para o tratamento de HIV/AIDS, entre 2001 e 2007.
Na comparação com preços mínimos da Organização Mundial da Saúde, Brasil gastou mais USD 420 milhões. Na comparação com preços mínimos da organização Médicos sem Fronteiras, o prejuízo brasileiro chega a USD 519 milhões.

A população brasileira e o sistema público de saúde estão impedidos de comprar a versão genérica desses medicamentos – e de muitos outros – porque eles estão protegidos por uma patente pipeline, que sequer deveria existir. O prejuízo financeiro é inestimável, mas verdadeiramente incalculável é o valor das vidas que deixaram de ser salvas por falta de tratamento.

A ADI 4234 é uma ação que pode salvar vidas. O STF tem a oportunidade de corrigir uma injustiça histórica e, enquanto instância máxima do poder judiciário no país, não pode furtar-se de sua responsabilidade de defender o que há de mais importante numa república democrática: o direito à vida e à saúde. Declarar a inconstitucionalidade das patentes pipeline significa a correção de uma injustiça, que só beneficiou os grandes laboratórios farmacêuticos e empresas de biotecnologia internacionais. Mesmo passados 14 anos do gigantesco erro cometido pelo Congresso Nacional, muitas patentes de medicamentos seguem válidas, afastando a possibilidade de que brasileiras e brasileiros tenham acesso a preços razoáveis.

STF, julgue as patentes pipeline inconstitucionais! O sistema público de saúde e a população brasileira não podem mais pagar a conta por esse erro legislativo. A demora do STF custa vidas!

Com esperança,



Imagem extraída da página do Conselho Regional de Psicologia de SP
http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/jornal_crp/154/frames/fr_opiniao.aspx

domingo, 21 de novembro de 2010

Senhora quer medicamentos fracionados.

Não conheço outro tema que cause tanta discussão quanto “medicamentos”. Bastar estar formada uma rodinha de conversas e a chance deste assunto vir à tona é enorme. Isso é bom, afinal, conversando, ficamos informados (desde que seja com a pessoa certa).
Dia desses, sentado num ponto de ônibus, uma senhora se aproximou e sentou-se ao meu lado. Nosso diálogo começou em virtude do atraso do coletivo, aguardado coincidentemente por ambos. Entre um comentário e outro, veio a pergunta:  “O que você faz?” Orgulhosamente respondi que era farmacêutico. Agora a pauta mudara. Ouvi o relato de todos os medicamentos utilizados pela doce senhora e recebi a solicitação de novas dicas sobre o que tomar. Foi a deixa para que eu pudesse falar dos perigos da automedicação. Ela ouvia atentamente até que me perguntou: “porque não existe o fracionamento de medicamentos?” Estava lançada uma boa pergunta. Tal qual um Forrest Gump (contador de histórias) passei a narrar os fatos que eu vivera e também ousei emitir algumas opiniões sobre o tema.
Bem, poucos se lembram, mas o mesmo Decreto 793/93, o qual tratei na postagem “A paternidade de um medicamento” (procure-o na barra de busca no lado direito do blog), também previa o fracionamento de medicamentos. O ex-Ministro da saúde Jamil Haddad, verdadeiro “pai dos genéricos”, durante o Governo Itamar Franco, trouxe esse assunto no referido Decreto. Ele previa nova redação ao Decreto 74170/74, passando o seu art. 9° a ter a seguinte redação:
“§ 2° As farmácias poderão fracionar medicamentos, desde que garantida a qualidade e a eficácia terapêutica originais dos produtos, observadas ainda as seguintes condições:
I - que o fracionamento seja efetuado na presença do farmacêutico;a
II - que a embalagem mencione os nomes do produto fracionado, dos responsáveis técnicos pela fabricação e pelo fracionamento, o número do lote e o prazo de validade.
§ 3° É vedado o fracionamento de medicamentos, sob qualquer forma, em drogarias, postos de medicamentos e unidades volantes.”

Com a revogação deste Decreto por parte do Presidente Fernando Henrique, em 2000 (através do Decreto 3181), o assunto foi esquecido, tendo sido retomado no Governo Lula, através da publicação do Decreto 5348, de 19 de Janeiro de 2005 (simbolicamente, um dia antes de se comemorar o dia do farmacêutico). Na época o Ministro da Saúde era Humberto Costa, hoje Senador eleito pelo Estado de Pernambuco. Este Decreto previa o fracionamento de medicamentos em farmácias. Finalmente, este Decreto foi revogado pelo Decreto 5775/2006, passando a prever que o fracionamento também pudesse ser realizado em drogarias. Pronto, o respaldo legal já estava garantido. Os art. 2° e 9° do Decreto 74170/74 passariam a ter nova redação. Faltava a regulamentação do “como fazer” por parte da ANVISA. Isso se deu com a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) n° 80, de 11 de maio de 2006.

- “Mas porque não existem medicamentos fracionáveis no mercado?” repetiu a doce senhora, já num tom não tão doce assim!

Continuava sendo uma boa pergunta, pensei.

Bom, inicialmente vale lembrar que os laboratórios farmacêuticos não são obrigados a produzir medicamentos em embalagens fracionáveis. Nenhuma das legislações citadas poderia prever isso, pois seria questionada a sua Constitucionalidade. Tramita no Congresso Nacional um Projeto de Lei (7029/2006), de autoria do Poder Executivo, que prevê a obrigatoriedade das indústrias farmacêuticas em fabricarem embalagens próprias para vendas fracionadas. A PROTESTE e o Instituto ETHOS estão em campanha pela aprovação deste Projeto de Lei (http://www.proteste.org.br).

Em segundo lugar, não é verdade que não existem medicamentos que possam ser fracionados. Na página da ANVISA (http://www.anvisa.gov.br/hotsite/fraciona/lista_fracionados.htm) tem como saber quais indústrias se adequaram a nova norma. É claro que ainda não existem no número ideal, mas já é um começo.

- “Eu acho que deveria ser obrigado, tanto a indústria  produzir, quanto as farmácias e drogarias venderem”, disse a Senhora.

Eu, humildemente, disse que também só via pontos favoráveis ao fracionamento de medicamentos. Aliás, não consigo achar nada que possa dar fundamentos contrários a isso.

Neste momento o ônibus chegou e nossa conversa se encerrou....mas não para a sociedade!




quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Dicas de filmes para profissionais de saúde...

Atendendo aos 2 ou 3 leitores deste humilde blog, mas limpinho, relaciono abaixo alguns filmes que tratam de saúde, medicamento, indústria farmacêutica, e afins. Alguns servem para o mero deleite, outros, podem até ser usados para debates, comemoração de primeira comunhão, e até em salas de aula. Algumas sinopses foram extraídas de sites, os quais cito abaixo. Se quiserem sugerir outros, já abro o espaço:

The Pharmacist: Escrito por W.C. Fields. O filme de 1933 é uma comédia que conta a história de um farmacêutico que é próspero em seu estabelecimento, mas que tem filhas e esposa que o atormentam em casa. É um clássico americano. Estrelado por W.C. Fields, Marjorie Kane e  Elise Cavanna.
Tempo de despertar: “Bronx, 1969. Malcolm Sayer (Robin Williams) é um neurologista que conseguiu emprego em um hospital psiquiátrico. Lá ele encontra vários pacientes que aparentemente estão catatônicos, mas Sayer sente que eles estão só "adormecidos" e que se forem medicados da maneira certa poderão ser despertados. Assim pesquisa bem o assunto e chega à conclusão de que a L-DOPA, uma nova droga que já estava sendo usada para pacientes com o Mal de Parkinson, deve ser o medicamento ideal para este casos. No entanto, ao levar o assunto para o diretor, ele autoriza que apenas um paciente seja submetido ao tratamento. Imediatamente Sayer escolhe Leonard Lowe (Robert De Niro), que há décadas estava "adormecido". Gradualmente Lowe se recupera e isto encoraja Sayer em administrar L-DOPA nos outros pacientes, sob sua supervisão. Logo os pacientes mostram sinais de melhora e também mostram-se ansiosos em recuperar o tempo perdido. Mas, infelizmente, Lowe começa a apresentar estranhos e perigosos efeitos colaterais.”
O óleo de Lorenzo: “Um garoto levava uma vida normal até que, quando tinha seis anos, estranhas coisas aconteceram, pois ele passou a ter diversos problemas de ordem mental que foram diagnosticados como ALD, uma doença extremamente rara que provoca uma incurável degeneração no cérebro, levando o paciente à morte em no máximo dois anos. Os pais do menino ficam frustrados com o fracasso dos médicos e a falta de medicamento para uma doença desta natureza. Assim, começam a estudar e a pesquisar sozinhos, na esperança de descobrir algo que possa deter o avanço da doença.”
O Jardineiro Fiel: “Uma ativista (Rachel Weisz) é encontrada assassinada em uma área remota do Quênia. O principal suspeito do crime é seu sócio, um médico que encontra-se atualmente foragido. Perturbado pelas infidelidades da esposa, Justin Quayle (Ralph Fiennes) decide partir para descobrir o que realmente aconteceu com sua esposa, iniciando uma viagem que o levará por três continentes.”
Dona Flor e seus dois maridos: “Durante o carnaval de 1943 na Bahia, Vadinho (José Wilker), um mulherengo e jogador inveterado, morre repentinamente e sua mulher, Dona Flor (Sônia Braga), fica inconsolável, pois apesar dele ter vários defeitos era um excelente amante. Mas após algum tempo ela se casa com Teodoro Madureira (Mauro Mendonça), um farmacêutico que é exatamente o oposto do primeiro marido. Ela passa a ter uma vida estável e tranqüila, mas tediosa e, de tanto "chamar" pelo primeiro marido, ele um dia aparece nu na sua cama. Então ela pede ajuda a uma amiga, dizendo que quase foi seduzida pelo finado esposo. Um pai de santo se prontifica a afastar o espírito de Vadinho, mas existe um problema: no fundo Flor quer que ele fique, pois há um forte desejo que precisa ser saciado.”
SICKO: “Documentário de Michael Moore. SICKO, um trocadilho para resumir idéias em torno dos “negócios da doença”, é um duro ataque ao sistema de saúde nos EUA, manipulado por lobbies das indústrias dos seguros de saúde e laboratórios farmacêuticos. Moore tem um achado precioso para o seu novo filme. Uma gravação em áudio com o presidente Nixon, em 1971, em exercício, dizendo que para empurrar o povo ao sistema de saúde aprovado basta piorar o atendimento público”.
Better Living Through Chemistry – Este filme ainda não estreou e não possui ainda um título em português. Na verdade, ainda será filmado e tratará do uso abusivo de medicamentos prescritos. Jennifer Garner viverá a amante de um farmacêutico, proprietário de uma pequena farmácia americana.



Referências para escrever esse post:
http://www.imdb.com/title/tt0024446/
Imagem extraída de:

http://palavraepensamentobrasil.blogspot.com/2009_12_01_archive.html

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Com a palavra, Dirceu Barbano...

Abro esse humilde espaço para divulgar nota de esclarecimento feita por Dirceu Barbano, diretor da ANVISA, acerca de matéria veiculada na imprensa. Não sei onde mais, além do site da ANVISA, essa nota será publicada, por isso, faço minha parte.
A nota fala por si, conclusões serão tiradas. Não poderia deixar de contribuir com essa divulgação, pelo tempo que conheço esta importante liderança farmacêutica. Tenho orgulho de poder chamá-lo de amigo.
Poderia falar muito sobre Dirceu Barbano, afinal, são anos de militância conjunta nas entidades farmacêuticas e na defesa da saúde em nosso País, mas a palavra está com ele.... 
 
Nota de Esclarecimento do Diretor Dirceu Brás Aparecido Barbano

13 de novembro de 2010


Em relação às matérias veiculadas na imprensa nesta data, contendo informações que vinculariam minha atuação como diretor da ANVISA a doações de indústrias farmacêuticas para campanhas eleitorais, cabem os seguintes esclarecimentos:

1 - A primeira tentativa de contato direto do jornalista que assina a matéria veiculada hoje, ocorreu em 13 de outubro. Desde aquela ocasião, sempre respondi que as informações à imprensa sobre o Sistema de Segurança de Medicamentos deveriam ser buscadas por meio da Assessoria de Comunicação da Agência.

2 – Nas três ocasiões em que o mesmo jornalista tentou contato direto, buscou obter informações acerca dos meus posicionamentos sobre o processo de discussão interna que culminou com a adoção das tecnologias definidas para o cumprimento da Lei n.º 11.903, de 14 de janeiro de 2009, em particular sobre o selo de segurança.

3 – Em mensagem de 04 de novembro, o jornalista encaminhou 06 (seis) questões específicas dirigidas a mim, que foram todas respondidas. A ele foi informado que a discussão sobre a implantação de um Sistema de Controle de Medicamentos pela ANVISA teve inicio antes de minha posse como diretor, em outubro de 2008, e da aprovação da Lei n.º 11.903, de 14 de janeiro de 2009, que estabeleceu as responsabilidades da Agência na sua implantação.

4 - Em resposta aos questionamentos do jornalista posicionei-me da seguinte forma:
a.  Afirmei que desde o início de meu mandato, há cerca de dois anos, vivenciei os esforços da diretoria da ANVISA no sentido de obter informações abrangentes e precisas sobre quais seriam os melhores mecanismos e tecnologias para garantia da rastreabilidade dos produtos farmacêuticos, visando dar segurança ao consumidor e facilitar as ações de vigilância sanitária no país.

b.  Informei que a Diretoria Colegiada, após exaustivos estudos e processo público de discussão, entendeu que um Sistema baseado em código bidimensional, impresso em selo de segurança seria aquele que permitiria maior controle sanitário e autonomia dos consumidores na verificação da autenticidade do produto. Sempre salientei que esta é a grande virtude da tecnologia definida.

c. Manifestei que nenhuma outra proposta apresentada ao longo do tempo mostrou-se capaz de assegurar esses dois quesitos e que, por isso, considero que a condução do processo pela ANVISA até o momento baseou-se na busca da melhor alternativa para a implantação do Sistema Nacional de Controle de Medicamentos.

d. Frisei que as decisões da Diretoria Colegiada sobre esse e outros temas foram sempre adotadas por consenso entre os diretores e que nunca adotei atitudes no sentido de reavaliação de decisões já adotadas pelo colegiado.

e.  Em resposta ao questionamento sobre minhas objeções nas reuniões em que as decisões sobre o tema foram aprovadas pela Agência, informei inicialmente que as reuniões de Diretoria Colegiada cumprem o papel de permitir que cada um dos diretores apresente seus pontos de vista sobre os temas a serem deliberados.

f.   Particularmente, em relação ao sistema de rastreabilidade, em todas as reuniões que trataram do tema, ao longo de 2009 e 2010, sempre me senti à vontade para externar minhas posições. Sempre pautei minhas contribuições no sentido de aprofundar questionamentos sobre os impactos de cada uma das tecnologias estudadas. Ao final do processo, acatei as decisões adotadas por consenso, não restando qualquer possibilidade ou necessidade de reavaliação. Essa foi a comunicação final ao jornalista.

5 – Ontem, sexta-feira, 12 de novembro de 2010, às 17h54min foi a primeira em que o jornalista encaminhou questionamentos acerca de doações de campanha. Suas novas indagações foram respondidos prontamente. Informei não reconhecer qualquer contato mantido com empresários para tratar da revisão da decisão da Diretoria Colegiada sobre a adoção do selo de segurança para rastreabilidade, tão pouco sobre doações para campanhas eleitorais.

6 – Sobre a matéria veiculada hoje, considero que sejam necessários os seguintes esclarecimentos públicos:

        

         a)      Jamais intermediei qualquer contato para obtenção de doações para campanhas eleitorais do deputado eleito, citado na matéria, Prof. Newton Lima Neto, ou de qualquer outro candidato a cargos eletivos.

          b)      Trabalhei com o Prof. Newton Lima Neto quando fui Secretário Municipal de Saúde do Município de São Carlos – SP, entre 2006 e 2007, no seu governo. Temos uma relação pessoal e profissional que está baseada no respeito mútuo e nas mesmas convicções sobre as transformações pelas quais nosso país necessita passar para se desenvolver econômica e socialmente.
         c)      Sempre manifestei de forma pública meu apoio à sua candidatura à Câmara Federal por acreditar nas suas qualidades como gestor público, com passagens marcantes pela Reitoria da Universidade de Federal de São Carlos e Prefeitura do município. Atuamos conjuntamente nos últimos anos na construção de políticas públicas no campo do desenvolvimento industrial do país, com foco na articulação do ensino, da pesquisa e da inovação na área da saúde.
       

         d)      Minha indicação para a direção da ANVISA se deu em 2008, quando o Prof. Newton Lima Neto era prefeito de São Carlos – SP e eu era Diretor de Assistência Farmacêutica na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde. A indicação partiu do Ministro da Saúde, foi acatada pela Presidência da República e aprovada no Senado Federal.

          e)      Na ocasião recebi apoio de muitas pessoas e segmentos da sociedade. Orgulho-me de todos eles, incluindo o do Prof. Newton Lima Neto, assim como ressalto meu histórico profissional que me credencia a ocupar tão honrosa posição na administração pública, independendo de qualquer apadrinhamento político.

 
         f)     A informação veiculada hoje de que estive em São Paulo no dia 26 de outubro para participar de almoço com empresários não é verdadeira. Naquela data, cumpri agenda oficial, como diretor da ANVISA, atendendo convite da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC),  na solenidade de abertura do Seminário “Áreas Estratégicas na Indústria da Saúde, organizado pela própria ABDI, além da Associação Brasileira da Indústria de Equipamentos Médicos e Odontológicos (ABIMO), Sindicato da Indústria Farmacêutica no Estado de São Paulo (Sindusfarma) e Federação das Indústrias no Estado de São Paulo (FIESP).
        
         h)      Nesse seminário, realizado na sede do Sindusfarma, estavam presentes dezenas de participantes representantes de indústrias, governo e universidades. Entre elas o Prof. Newton Lima Neto, na qualidade de deputado federal eleito. Todas as conversas que mantive com os presentes restringiram-se a assuntos relacionados ao seminário, com foco na necessidade de desenvolvimento da indústria da saúde no país como forma de diminuir a dependência de insumos e tecnologias externas do nosso sistema de saúde.
       
         i)      Em nenhum momento participei de quaisquer diálogos que se relacionassem à norma sobre selo de segurança aprovada pela diretoria da ANVISA ou doações para campanhas eleitorais.
         

         7 – Finalmente, reafirmo publicamente, que o exercício do meu mandato de diretor da ANVISA tem sido pautado pelo respeito aos deveres da instituição que e jamais me distanciei do compromisso com a proteção da saúde e com o desenvolvimento econômico e social do país. Essa perspectiva não permite qualquer conduta dependente de apadrinhamentos políticos ou atendimento de interesses privados.

         
Diretor Dirceu Brás Aparecido Barbano



Nota extraída do site: http://www.anvisa.gov.br

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Diálogo sobre antibióticos.

No dia 26 de outubro foi publicada a RDC 44/2010 da ANVISA, que regulamenta a comercialização de antibióticos. Além das mudanças nas embalagens destes medicamentos, agora estes só poderão ser comercializados com a retenção de receitas. Argumentos não faltaram para tal decisão e não são novos. Entre uma das principais preocupações está o uso indiscriminado dos antibióticos, que podem gerar graves problemas oriundos da resistência bacteriana, desenvolvida pelo uso irracional destes medicamentos.
Muitos me pediram para falar sobre isso no blog, mas preferi narrar o diálogo entre dois cidadãos, que acabei acompanhando sem querer. Não que não quisesse ouvir, mas não fora convidado para aquele “dedinho de prosa” entre os dois. Não vou relatar onde aconteceu, mas percebi que eram dois usuários de medicamentos conversando. Na transcrição, usei o símbolo xxxxx para ocultar o nome de patologias e medicamentos. Eis o diálogo:
- Pronto, mais uma regra nova. Como se não bastasse tudo o que já foi feito até agora, inventam essa. Antibióticos só com receita? Esses caras não têm o que fazer? É muita burocracia!
- Peraí...vai me dizer que tu é contrário? Rapaz, você não sabe dos problemas que isso pode causar?  A automedicação come solta e os antibióticos são usados até para gripe...O povo chega na drogaria e já pede pelo nome, sem nem perguntar se precisa ou não!
- Mas será que o povo sempre errou? Vai me dizer que todos os antibióticos usados foram de maneira errada? Ninguém vai em médico por conta de dor de garganta. Já tomou um que funcionou e vai tomar de novo. Eu mesmo fui num médico uma vez. Ele me receitou xxxxxxxx . Sempre que tenho xxxxxxx, tomo de novo! Receitado foi, receitado está!
- Pronto, aí está o erro. Toma por conta própria. Não procura o médico. Assumiu o lugar dele. Até já faz o diagnóstico e....
-AH!!! Não vem com esse papo. Fala como se tivesse médico pra todo mundo! O SUS não funciona cara.
- Li uma matéria de um doutor que só faltou dizer o dia e a hora em que os antibióticos não vão funcionar mais. Fiquei assustado! Eu já não tomo remédio mesmo. Prefiro esperar e se não passar,  marco médico. Ou falo com o farmacêutico. O doutor disse que essa bactéria que pegou em Brasília, não lembro o nome, é culpa disso! O povo tá deixando esses organismos (SIC) mais fortes!
- Meu sobrinho que é farmacêutico meteu o pau nessa Lei (SIC). Disse que agora vai ter que ficar escrevendo no livro tudo o que vende ou que compra de antibiótico. Falou que não consegue mais trabalhar, só ficará na burocracia. Isso é coisa de quem não está trabalhando na ponta. Fica chutando coisas da própria cabeça.
- Mas porque ele não opinou quando abriram para o povo opinar?  Não comentou porque não quis. O farmacêutico vizinho de casa gostou. O médico da minha patroa disse que isso é bom! Até elogiou e disse que demorou para acontecer.
- Claro!!!!! Ele vai ganhar mais dinheiro, pois todo mundo vai ter que ir no médico. Isso é máfia rapaz. É coisa de médico com a indústria...
- Para com essa mania de perseguição cara. Você é cheio de teoria. Para a indústria não é bom não! Vão vender menos! E tem cientista falando sobre isso bixo!
- É burocracia!
- Não é não. Essa ANVISA está tentando por as coisas nos eixos. Tentou acabar com os remédios nas gôndolas. Tá moralizando a coisa. Pô, tem drogaria que vende até pinga!
- Porque não garantem saúde para o povo? Vai lutar por isso! Como não conseguem garantir saúde para o povo, fica nesse papinho! Isso é coisa desse Governo e...
- PAAAARAAAA. Lá vem você de novo com conspiração! Não dá pra conversar com você. Sempre  vai pra esse lado. Só fala isso porque teu candidato perdeu. Bom, vou embora. Pede a saideira que eu tô com o ciático incomodando.
- Tu tomou o que mandei??????

Bom, daí para frente não prestei mais atenção. Pedi a conta, paguei e fui embora. Mas o diálogo continua...quer participar?

* Imagem extraída do http://blog-nanevs.blogspot.com/2010_03_01_archive.html

sábado, 6 de novembro de 2010

A polêmica sobre Monteiro Lobato

Monteiro Lobato é alguém de quem devemos nos orgulhar. Nascido em 18 de abril de 1882 (só por curiosidade, ano da primeira Lei de Propriedade Intelectual do Brasil – Lei 3129), José Bento Monteiro Lobato, entre várias virtudes, foi precursor da literatura infantil no Brasil. Escreveu vários livros e criou personagens inesquecíveis, entre eles Narizinho, Pedrinho, Visconde de Sabugosa e Emília.
Uma curiosidade sobre Monteiro Lobato foi a preocupação com a Saúde Pública, vindo a aderir a campanha sanitarista do início do Século XX. Escreveu diversos artigos para o jornal “O Estado de São Paulo”, denunciando as dificuldades e precariedades da saúde das populações rurais.
Para os farmacêuticos, escreveu um lindo texto sobre o papel desses profissionais, intitulado “O Papel do Farmacêutico”:
“O papel do Farmacêutico no mundo é tão nobre quão vital. O Farmacêutico representa o órgão de ligação entre a medicina e a humanidade sofredora. É o atento guardião do arsenal de armas com que o Médico dá combate às doenças. É quem atende às requisições a qualquer hora do dia ou da noite. O lema do Farmacêutico é o mesmo do soldado: servir.
Um serve à pátria; outro serve à humanidade, sem nenhuma discriminação de cor ou raça. O Farmacêutico é um verdadeiro cidadão do mundo. Porque por maiores que sejam a vaidade e o orgulho dos homens, a doença os abate - e é então que o Farmacêutico os vê. O orgulho humano pode enganar todas as criaturas: não engana ao Farmacêutico. O Farmacêutico sorri filosoficamente no fundo do seu laboratório, ao aviar um receita, porque diante das drogas que manipula não há distinção nenhuma entre o fígado de um Rothschild e o do pobre negro da roça que vem comprar 50 centavos de maná e sene.”

Agora envolto em uma grande polêmica, Monteiro Lobato é chamado de racista por alguns e defendido por outros, devido a época de seus escritos, em virtude de frases existentes no livro “Caçadas de Pedrinho” (1933). Ocorre que o Conselho Nacional de Educação (CNE) recomendou que este livro não fosse distribuído nas escolas públicas estaduais, após ser alertado por militantes da defesa da igualdade racial. Um dos trechos do livro que motivou o debate foi uma fala do Pedrinho, ao se referir a Tia Nastácia: “Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão”

Acompanhando os fatos, gostaria de expor algumas reflexões:

Em primeiro lugar, a mídia exagerou em suas manchetes, quando da divulgação do assunto. Usaram a palavra censura, por parte do CNE, ao escritor. Na verdade, o debate se dá especificamente sobre sua obra e não sobre Monteiro Lobato.

A discussão não está em se o autor era racista ou não. A questão está sobre o livro a ser usado em escolas públicas, com passagens que podem destampar o potinho do preconceito, que infelizmente ainda existe. Não existem outras obras a serem indicadas? Com certeza existem!

Em tempos de repressão a prática do Bullying (que os leitores me perdoem, mas como tento evitar a adoção de termos em inglês, criei um sigla para isso: AECTPP -  Aporrinhamento extremado causador de traumas psicológicos profundos), este texto não poderia gerar possível incomodação aos estudantes afro descendentes? Todos sabemos que crianças chegam a ser “ácidas” ao criar apelidos baseados nas características de alguns. No meu tempo de escola, tínhamos um grupo de amigos, os quais não me recordo dos nomes, apenas como eram chamados: Zóio (devido a um pequeno estrabismo), Feio (por ser desprovido de beleza), Caveira (pelo perfil esguio), Telerj (em virtude de suas orelhas de abano, fazendo alusão aos orelhões públicos) e o Mija na Bota (este eu não sei o porque, só me lembro que ficava bravo quando chamado assim).

Bem, o debate está colocado. Viva Monteiro Lobato, viva a igualdade racial, viva o combate ao preconceito!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Poema sobre Dilma

Acabo de receber um email e não poderia deixar de divulgar o seu conteúdo. É um lindo poema escrito por Pedro Tierra. Pesquisei sobre o autor e encontrei sua biografia :

Pedro Tierra: Pseudônimo de Hamilton Pereira, que nasceu em Porto Nacional (TO), em 1948. Viveu em seminários e prisões. Por sua militância na Ação Libertadora Nacional (ALN), cumpriu cinco anos de prisão (1972/77) em Goiânia Brasília e São Paulo, sofrendo tortura. Libertado, contribuiu para fundar e organizar Sindicatos de Trabalhadores Rurais. É membro da diretoria executiva do PT desde 1987.  Foi secretário de Cultura do Distrito Federal. Desde 2003 é presidente da Fundação Perseu Abramo. Militante informal do MST; participou da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Bibliografia:Poemas do Povo da Noite, Menção Honrosa no Prêmio Casa de Las Américas, em 1977(Sigueme, Salamanca, Espanha, EMI, Milão, Itália, e Livramento, S. Paulo); Missa da Terra sem-males, em parceria com Pedro Casaldáliga e Martin Coplas (Livramento, Tempo e Presença, S. Paulo); Missa dos Quilombos, com Pedro Casaldáliga e Milton Nascimento (disco da EMI); Água de Rebelião (Vozes); Inventar o Fogo (Goiânia); Zeit der Widrikeiten , antologia (Edition DIÁ, Berlin); Dies Irae (Edição do autor, Goiânia, e MLAL, Roma, Itália).

E o poema segue:

500 anos esta noite
Pedro Tierra

De onde vem essa mulher
que bate à nossa porta 500 anos depois?
Reconheço esse rosto estampado
em pano e bandeiras e lhes digo:
vem da madrugada que acendemos
no coração da noite.

De onde vem essa mulher
que bate às portas do país dos patriarcas
em nome dos que estavam famintos
e agora têm pão e trabalho?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem dos rios subterrâneos da esperança,
que fecundaram o trigo e fermentaram o pão.

De onde vem essa mulher
que apedrejam, mas não se detém,
protegida pelas mãos aflitas dos pobres
que invadiram os espaços de mando?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem do lado esquerdo do peito.
Por minha boca de clamores e silêncios
ecoe a voz da geração insubmissa
para contar sob sol da praça
aos que nasceram e aos que nascerão
de onde vem essa mulher.
Que rosto tem, que sonhos traz?
Não me falte agora a palavra que retive
ou que iludiu a fúria dos carrascos
durante o tempo sombrio
que nos coube combater.
Filha do espanto e da indignação,
filha da liberdade e da coragem,
recortado o rosto e o riso como centelha:
metal e flor, madeira e memória.
No continente de esporas de prata
e rebenque, o sonho dissolve a treva espessa,
recolhe os cambaus, a brutalidade, o pelourinho,
afasta a força que sufoca e silencia
séculos de alcova, estupro e tirania
e lança luz sobre o rosto dessa mulher
que bate às portas do nosso coração.

As mãos do metalúrgico,
as mãos da multidão inumerável
moldaram na doçura do barro
e no metal oculto dos sonhos
a vontade e a têmpera
para disputar o país.
Dilma se aparta da luz
que esculpiu seu rosto
ante os olhos da multidão
para disputar o país,
para governar o país.
Brasília, 31 de outubro de 2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Uma farmacêutica agradece...

Encerrada a eleição, estou pensando em todos os ataques feitos ao Governo. Um dos que mais me preocuparam foi a crítica feita sobre as políticas sociais e de inclusão. O ataque ao PROUNI foi um dos prediletos durante a campanha. Queria falar muito sobre isso, mas a foto que me enviaram pelo facebook e o email que recebi de uma ex-aluna (hoje colega de profissão), recebidos quase que ao mesmo tempo, falam por si:



"Só tenho a agradecer ao governo petista, pois graças a ele consegui o bem mais precioso que possuo: minha profissão. Graças ao Programa Universidade para Todos (ProUni) mudei meu futuro, e hoje sou farmacêutica com muito orgulho! Fui bolsista integral na Universidade Santa Cecília em Santos/SP, e com muita dedicação, hoje sou a primeira pessoa da minha família com curso superior. O ProUni mudou a minha realidade e a de muitas pessoas, e tenho certeza de que continuará mudando muitas outras vidas. E este é apenas um, de vários outros programas do governo, que deu muito certo e agora sabemos que terá continuidade. Tenho certeza de que o país continuará mudando, progredindo, e eu orgulhosamente faço parte desse trabalho. Muito obrigada."
Amanda C. Moura
Farmacêutica